Síndrome de Poliana

Cartaz do filme Pollyanna de 1920, baseado no romance homônimo que deu origem ao "Princípio de Pollyanna"
Cartaz do filme Pollyanna de 1920, baseado no romance homônimo que deu origem ao "Princípio de Pollyanna"

A Síndrome de Poliana (também chamado de Polianismo ou tendência à positividade) é a tendência que as pessoas têm de se lembrarem mais facilmente de coisas agradáveis do que de coisas desagradáveis.[1] Estudos indicam que, no nível inconsciente, a mente tem tendência para se focar no otimismo; enquanto no nível consciente, tem tendência para se concentrar no negativo. Este preconceito inconsciente para o lado positivo é muitas vezes descrito como a Síndrome de Poliana e é semelhante ao efeito Forer.[2]

História

O nome deriva do livro Pollyanna, de 1913, de Eleanor H. Porter, que descreve uma garota que faz o "jogo da felicidade" ("gladness game") - procurando encontrar algo de que se alegrar em todas as situações.[3] O romance foi adaptado várias vezes no cinema e na televisão.[4][5] Um uso anterior do nome "Pollyanna" na literatura sobre psicologia foi em 1969 por Boucher e Osgood, que descreveram uma hipótese de Pollyanna como uma tendência humana universal para usar palavras positivas com mais frequência e de forma diversa do que palavras negativas na comunicação.[6] Evidências empíricas para essa tendência foram fornecidas por análises computacionais de grandes corpos de texto.[7][8]

A "Síndrome de Pollyanna" foi descrito por Margaret Matlin e David Stang em 1978 usando o arquétipo de Pollyanna, mais especificamente como uma síndrome psicológica que retrata a tendência positiva de que as pessoas têm quando pensam no passado. De acordo com a Síndrome de Pollyanna, o cérebro processa informações que são agradáveis e confortantes de uma maneira mais precisa e exata em comparação com informações desagradáveis. Na verdade, tendemos a lembrar de experiências passadas de maneira mais positiva do que realmente ocorreram. Eles descobriram que as pessoas se expõem a estímulos positivos e evitam estímulos negativos, levam mais tempo para reconhecer o que é desagradável ou ameaçador do que o que é agradável e seguro, e relatam que encontram estímulos positivos com mais frequência do que realmente fazem. Matlin e Stang também determinaram que a recordação seletiva era uma ocorrência mais provável quando a recordação era atrasada: quanto maior o atraso, mais recordação seletiva ocorreu.[9]

A síndrome de Pollyanna também foi observada nas redes sociais online. Por exemplo, usuários têm preferência por compartilhar informações positivas e são mais frequentemente afetados de maneira emocional por elas.[10][11]

No entanto, a Síndrome de Pollyanna nem sempre se aplica a indivíduos que sofrem de depressão ou ansiedade, que tendem a ter um realismo depressivo ou um viés negativo.[12]

Ver também

Referências

  1. Matlin & Stang 1978, p. 260.
  2. http://apsychoserver.psych.arizona.edu/JJBAReprints/PSYC621/Forer_The%20fallacy%20of%20personal%20validation_1949.pdf Forer BR (1949). The fallacy of personal validation: A classroom demonstration of gullibility Journal of Abnormal and Social Psychology. 44, 118-123
  3. Eleanor Hodgman Porter became a remarkable woman of history
  4. «SBT aposta alto contra Globo e estreia novela mais cara de sua história». UOL. 16 de maio de 2018. Consultado em 16 de maio de 2018 
  5. «Síndrome de Pollyanna». Dicionário Online. Consultado em 5 de maio de 2018 
  6. Boucher & Osgood 1969.
  7. Peter Sheridan, Dodds; Clark, Eric M.; Desu, Suma; Frank, Morgan R.; Reagan, Andrew J.; Williams, Jake Ryland; Mitchell, Lewis; Harris, Kameron Decker; Kloumann, Isabel M. (24 de fevereiro de 2015). «Human language reveals a universal positivity bias». Proceedings of the National Academy of Sciences (em inglês). 112 (8): 2389–2394. Bibcode:2015PNAS..112.2389D. ISSN 0027-8424. PMC 4345622Acessível livremente. PMID 25675475. arXiv:1406.3855Acessível livremente. doi:10.1073/pnas.1411678112 
  8. Holtz, Peter; Deutschmann, Emanuel; Dobewall, Henrik (23 de agosto de 2017). «Cross-Cultural Psychology and the Rise of Academic Capitalism: Linguistic Changes in CCR and JCCP Articles, 1970-2014». Journal of Cross-Cultural Psychology (em inglês). 48 (9): 1410–1431. ISSN 0022-0221. doi:10.1177/0022022117724902 
  9. Matlin & Stang 1978.
  10. Ferrara & Yang 2015a.
  11. Ferrara & Yang 2015b.
  12. Carr 2004.

Biblliografia

  • Bloch, Arthur (1977). Murphy's Law and other reasons why things go wrong. [S.l.]: Price Stern Sloan. p. 41. ISBN 978-0-8431-0428-8 
  • Boucher, J.; Osgood, C. (1969). «The Pollyanna hypothesis». Journal of Verbal and Learning Behavior. 8 (1): 1–8. doi:10.1016/S0022-5371(69)80002-2 
  • Carr, Alan (2004). Positive Psychology: The Science of Happiness and Human Strengths (em inglês). [S.l.]: Psychology Press. p. 77. ISBN 9781583919910 
  • Ferrara, Emilio; Yang, Zeyao (2015a). «Quantifying the effect of sentiment on information diffusion in social media». PeerJ Computer Science. 1: e26. doi:10.7717/peerj-cs.26 
  • Ferrara, Emilio; Yang, Zeyao (2015b). «Measuring Emotional Contagion in Social Media». PLOS ONE. 10 (11): e0142390. Bibcode:2015PLoSO..1042390F. PMC 4636231Acessível livremente. PMID 26544688. arXiv:1506.06021Acessível livremente. doi:10.1371/journal.pone.0142390 
  • Furnham, Adrian; Schofield, Sandra (1987). «Accepting personality test feedback: A review of the Barnum effect». Current Psychology. 6 (2): 162–178. doi:10.1007/BF02686623 
  • Hildebrandt, H. W.; Snyder, R. D. (1981). «The Pollyanna Hypothesis in Business Writing: Initial Results, Suggestions for Research» (PDF). Journal of Business Communication. 18 (1): 5–15. doi:10.1177/002194368101800102 
  • Matlin, M.W; Stang, D.J (1978). The Pollyanna Principle: Selectivity in Language, Memory, and Thought. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0-87073-815-9 
  • Matlin, M.W; Gawron, V.J (1979). «Individual Differences in Pollyannaism». Journal of Personality Assessment. 43 (4): 411–412. PMID 16366974. doi:10.1207/s15327752jpa4304_14 
  • Matlin, Margaret W. (2004). «Pollyanna Principle». In: Rüdiger, F Pohl. Cognitive Illusions: A Handbook on Fallacies and Biases in Thinking. [S.l.]: Taylor & Francis. p. 260. ISBN 9781135844950. Consultado em 14 de dezembro de 2014 
  • Paul, A.M. (2004). The Cult of Personality: How Personality Tests Are Leading Us to Miseducate Our Children, Mismanage Our Companies, and Misunderstand Ourselves. [S.l.]: Free Press. ISBN 978-0-7432-4356-8 
  • Pearrow, M (2002). The Wireless Web Usability Handbook. Boston, MA: Charles River Media. ISBN 1-58450-056-5