Lei do Aprendiz

Lei 10 097
Propósito facilitar o ingresso do jovem no mercado do trabalho sem comprometer os seus estudos
Local de assinatura Brasília
Signatário(a)(s) Fernando Henrique Cardoso e Francisco Dornelles
Ratificação Sancionada em 19 de dezembro de 2000

A Lei do Aprendiz, nº 10.097, de 19 de dezembro de 2000,[1] também conhecida como Menor Aprendiz, Aprendiz Legal ou Jovem Aprendiz[1], é uma lei do Brasil aprovada em 2000[2] e regulamentada em 2005.[3] Ela determina que toda empresa de grande ou médio porte deve ter de 5% a 15% de aprendizes entre seus funcionários. Os aprendizes são geralmente jovens de 14 a 24 anos[4] que devem estar cursando ou ter terminado o ensino médio ou fundamental em uma escola pública.[4] Um dos meios de acesso ao programa é através do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).[4]

Um levantamento feito pela Fundação Roberto Marinho divulgado no jornal O Globo em 2019, reportou que 3,5 milhões de jovens tiveram acesso ao primeiro emprego com a lei, porém ela ainda era "subaproveitada no Brasil".[4]

História

Com a criação da lei, foi estabelecido que o jovem deve participar de um curso do programa, que dura de 6 a 24 meses e é dividido em dois módulos. O primeiro módulo é a aprendizagem vivencial, que é a prática no ambiente de trabalho, sob a supervisão do orientador interno da empresa que deseja treinar o candidato. O segundo módulo é a aprendizagem teórica: é o programa de aprendizagem profissional metódica, ministrado por instituições sem fins lucrativos.[5]

A lei explicita disposições da Constituição brasileira de 1988, do Estatuto da Criança e do Adolescente e alterou a Consolidação das Leis do Trabalho (1943), dando nova regulamentação à aprendizagem.[6]

Está descrito na Lei do Aprendiz e também nas leis mais atuais da CLT, o salário do candidato a aprendiz, que varia de acordo com as horas trabalhadas; a jornada de trabalho; os requisitos que precisa ter para entrar no programa; e os requisitos exigidos da empresa que aceita estes jovens.[7]

"O número [de jovens beneficiados] poderia ser ainda maior se a lei não fosse desconhecida ou ignorada por um grande número de empresas, o que deixa fora do mercado de trabalho pelo menos 500 mil jovens. Se todas as empresas cumprissem a cota mínima, o Brasil teria 950 mil aprendizes empregados. Mas, em todo o país, há apenas 450 mil contratados nessa modalidade, segundo dados compilados pela Fundação Roberto Marinho."[4]

Elisa Martins, jornal O Globo, 2019

O coordenador do programa Aprendiz Legal, que usa Lei do Aprendiz em empresas parceiras da Rede Globo, Marcelo Bentes disse que:

"Se a cota da aprendizagem fosse cumprida em todo o Brasil, poderíamos ter na escola os cerca de 2,8 milhões de jovens que hoje estão em trabalho infantil (…) A aprendizagem insere o jovem em um ambiente com outras realidades e perspectivas. Ele passa a ser exemplo. Em vez de ostentar uma arma, ostenta um crachá."[4]

Mário Volpi, que trabalha na coordenação do Programa Políticas de Qualidade Para Crianças e Adolescentes Vulneráveis, do Unicef no Brasil disse que "A lei do aprendiz tem um duplo papel: dar acesso ao mundo do trabalho e promover o retorno à escola daqueles que abandonaram os estudos por ter que contribuir na renda familiar".[4]

Ver também

Referências

  1. a b Imhoff, Ana Maria Venâncio Gonçalves; Grimes, Camila; Schroeder, Edson (2 de maio de 2013). «Percepções de jovens aprendizes sobre os processos de ensinar e de aprender». Linhas Crí­ticas (38): 169–186. ISSN 1981-0431. doi:10.26512/lc.v19i38.4099. Consultado em 6 de dezembro de 2022  soft hyphen character character in |periódico= at position 11 (ajuda)
  2. Presidência da República Casa Civil. «LEI No 10.097, de 19 de dezembro de 2000.». Consultado em 24 de novembro de 2008 
  3. Presidência da República Casa Civil. «LEI Nº 11.180, de 23 de setembro de 2005.». Consultado em 24 de novembro de 2008 
  4. a b c d e f g Elisa Martins (17 de janeiro de 2019). «Lei de Aprendizagem é subaproveitada no Brasil». Jornal O Globo. Rede Globo. Consultado em 1 de setembro de 2019. Cópia arquivada em 1 de setembro de 2019 
  5. «Programa Jovem Aprendiz - Casa da Moeda do Brasil». casadamoeda.gov.br. Consultado em 10 de novembro de 2015. Arquivado do original em 21 de novembro de 2015 
  6. «Estatuto da Criança e do Adolescente». www.planalto.gov.br. Consultado em 10 de junho de 2021 
  7. «Jovem Aprendiz 2017 - Vagas nos Correios, Caixa, Itau, Bradesco». Jovem Aprendiz 2017. Consultado em 6 de abril de 2017 

Ligações externas

  • Campanha Lei do Aprendiz (Fundação Abrinq e Instituto Ethos)
  • «ciee.org.br». Centro de Integração Empresa-Escola 
  • gamt.org.br. Grupo de Assessoria e Mobilização de Talentos (antigo Grupo de Assistência ao Menor Trabalhador), de Caçapava/SP.
  • Grupo de Trabalho instituído pela Portaria CNMP-PRESI nº 43, de 2 de abril de 2018 (2019). «Guia de atuação do Ministério Público: orientações para a promoção do acesso de jovens e adolescentes em condição de vulnerabilidade a programas de aprendizagem e a cursos de qualificação profissional» (PDF). Conselho Nacional do Ministério Público. Consultado em 22 de abril de 2024. Cópia arquivada (PDF) em 22 de abril de 2024 
  • Benisti, Luciana Rocha de Araújo (et al.) (2019). «Orientações sobre o contrato de aprendizagem» (PDF). Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro; Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça da Infância e Juventude (CAO Infância) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Consultado em 22 de abril de 2024. Cópia arquivada (PDF) em 22 de abril de 2024 
  • Coordenação de Estágios do Campus Campina Grande (COE-CG) (27 de dezembro de 2021). «FAQ – Aprendizagem». Instituto Federal da Paraíba. Consultado em 22 de abril de 2024. Cópia arquivada em 22 de abril de 2024 
  • Portal do Brasil
  • Portal do direito