Lâmpada Carcel

Uma lâmpada de Carcel ornamentada do século XIX. Um mecanismo de relógio na base bombeia o óleo vegetal do reservatório para o queimador no topo.
O mecanismo da bomba utilizada para bombear o óleo para o queimador da lâmpada de Carcel de 1800. A bomba estava imersa no óleo do reservatório. O pistão era alimentado por um mecanismo de relógio, que não está representado.

A lâmpada Carcel era um dispositivo de iluminação eficiente utilizado no século XIX para fins domésticos.

A lâmpada foi inventada pelo relojoeiro francês Bernard Guillaume Carcel (1750-1818) para corrigir os problemas das lâmpadas de Argand, então muito utilizadas. Os óleos vegetais, sobretudo o de colza, então disponíveis eram espessos e não subiam pelo pavio. As lâmpadas de Argand eram alimentadas por gravidade, o que obrigava a colocar o reservatório acima do queimador, lançando sombra e fazendo com que a parte superior da lâmpada fosse pesado. Carcel concebeu uma lâmpada com o reservatório de óleo abaixo do queimador, no corpo da lâmpada. Para que o óleo subisse para o queimador, Carcel colocou um mecanismo de relógio na base da lâmpada que impulsionava um pequeno pistão imerso no óleo. A chave para dar corda ao mecanismo do relógio localizava-se na parte inferior da base da lâmpada.

Outra inovação da lâmpada Carcel relacionava-se com o combustível, que era bombeado para os tubos do pavio em volumes superiores aos necessários para a queima, fazendo com que se entornasse no topo para, assim, arrefecer o queimador.[1]

As vantagens citadas por Carcel para a sua lâmpada na patente que apresentou em 1800 em Paris eram que o mecanismo operava autonomamente, que o óleo era usado até a última gota, que a lâmpada permanecia continuamente acesa durante dezasseis horas, sem recarga e que proporcionava iluminação para várias pessoas ao mesmo tempo com um único queimador.

Mas o dispositivo era complexo, mais caro e o mecanismo muito propenso a avarias. Foram muito populares nas cidades mais prósperas da Europa. O grande inconveniente era que, em caso de avaria, era necessário devolvê-las ao fabricante, que eram sobretudo europeus.[2] Em 1829, foi inventada a lâmpada Moderadora, mais simples e que dispensava o mecanismo de relógio, utilizando apenas um pistão impulsionado por uma mola. Esta nova lâmpada acabou por substituir a lâmpada Carcel.

Na literatura

Edith Wharton, no seu romance Ethan Frome (1911), descreve o "melhor salão", como sendo "fracamente iluminado pelo gorgolejar de uma lâmpada Carcel".[3]

Referências

  1. «Lamp Glossary of Terms | US Lighthouse Society». uslhs.org (em inglês) 
  2. «Successful innovations in domestic oil lighting, 1784-1859» 
  3. «The Age of Innocence - A Carcel lamp with an engraved globe - Book Drum». www.bookdrum.com. Consultado em 22 de março de 2018. Arquivado do original em 15 de março de 2018