Edifício Franjinhas

Coordenadas: 38° 43' 22.5" N 9° 9' 4.27" O

Edifício Franjinhas
Edifício Franjinhas
Fachada principal do edifício
Nomes alternativos Braamcamp, 9
Tipo Edifício residencial
Arquiteto João José Malato (1965-1969)
João Maria Braula Reis (1965-1969)
Nuno Teotónio Pereira (1965-1969)
Romeu Pinto da Silva (1965-1969)
Início da construção 1969 (55 anos)
Fim da construção 1971 (53 anos)
Prémios
Precedido por
Edifício América
1970
Prémio Valmor
1971
Sucedido por
Sede, Jardins e Museu da Fundação Calouste Gulbenkian
1975
Função inicial Serviços: edifício de escritórios / Comercial: loja
Proprietário atual Privado
Função atual Serviços: edifício de escritórios / Comercial: loja
Promotor / construtor Nuno Franco de Oliveira Falcão (1965-1969)
Património Nacional
Classificação  Monumento de Interesse Público
Ano 2011
DGPC 12493490
SIPA 23149
Geografia
País Portugal Portugal
Cidade Lisboa Lisboa
Rua Braamcamp, 9
Rua Castilho, 40
Distrito Lisboa
Freguesia Santo António
Coordenadas 38° 43' 22.5" N 9° 9' 4.27" O
Mapa
Localização do edifício em mapa dinâmico

Construído em Lisboa entre os ano de 1966 e 1969, o edifício Franjinhas, sito no gaveto entre o número 9 da rua Braamcamp e a rua Castilho, chama a atenção dos transeuntes pela sua fachada recortada, e pela rudimentaridade do seu acabamento.

Projectado por Nuno Teotónio Pereira e João Braula Reis, Franjinhas como é conhecido, caracteriza-se pela sua relação entre o interior e o exterior, que traduzem-se de forma diferente nas duas zonas sobrepostas em que o edifício se divide e que são indicadas de forma contrastante na sua fachada; relações que resultam num espaço interposto, com finalidades diferentes: os pisos baixos procuram romper a fachada e manter um contacto com a rua fluido; os pisos altos, dando espessura à envolvente, por forma a realçar a relação interior-exterior.[1]

O betão é um material de destaque neste edifício; usado como elemento estrutural e em suas paredes exteriores, as placas suspensas na fachada também em betão (armado), pré-fabricadas no estaleiro da obra.

Na sua concepção, procurou-se fazer passar a rua pelo espaço construído, levando-a para pisos negativos, isto por meio de um jogo de escadas e galerias, tirando partido da situação de gaveto tendo como resultado três pisos de estabelecimentos. Uma solução com espaços abertos e variados, que aproveita-se de forma rentável da proximidade dos pisos baixos com a rua para a animação e valorização da via pública. As pinturas e ou esculturas em certas superfies, têm como objectivo valorizar e ambientalizar zonas naturalmente desfavorecidas.[2]

Organização espacial

Os dois primeiros pisos a nível da rua, destinam-se ao comércio, com lojas que se relacionam com a rua através de uma galeria e um snack-bar com mezanino que se abre para varandas corridas. O corpo do edifício, correspondente aos seis pisos acima do embasamento em galerias, é todo destinado a escritórios, e o coroamento destina-se a restauração e a administração. No que toca a sua imagem na cidade, o seu autor descreveu-o como um edifício “insólito, ultrajante, até extravagante”, durante uma entrevista que deu ao programa “Magazine de Arquitectura e Decoração” transmitido no ano de 1993 pela RTP.[3]

Placas pré-moldadas

Este sistema que guarnece a fachada dos pisos destinados a escritórios tem como finalidades: Estabelecer um espaço transitável entre o interior e o exterior, que substitua a corrente envolvente por um espaço intermédio, e que proporcione um ambiente mais defendido da agitação da rua e da presença das fachadas vizinhas que o circundam; Ampliar o espaço interior, prolongando-o para além do envidraçado das janelas, até ao plano das placas de proteção, proporcionando uma sensação visual de maior alivio; regularizar o nível de luz para o interior do edifício ao longo do ano e proporcionar uma luminosidade (não) uniforme nas salas de trabalho; proteger a fachada da incidência solar directa e reduzir a entrada de calor. Todos estes aspectos foram previamente estudados e ensaiados em modelo durante a conceção do projecto.[4]

Entre polémica e elogios

“Considerada uma obra polémica, foi pretexto de diálogo crítico entre a classe dos arquitectos e de controvérsia para a opinião pública, trazendo a arquitectura e a discussão do processo de fazer cidade para os jornais”. Considerado umas das propostas mais inovadoras construídas em Lisboa ao longo dos anos sessenta, e segundo Eduardo de Sousa o mais notável edifício desta época.[5] Desde o Pombalino que a arquitectura não era pensada para a cidade. Franjinhas, tal como o pequeno bloco de apartamentos de luxo da Misericórdia são exemplos de uma arquitectura com capacidade de criação de ambiente urbano. Contestado pela maioria na sua época, mais tarde vencedor do prémio Valmor (em 1971) e também considerado/classificado como património monumental de interesse público.[6]

Referências

  1. Sousa, Eduardo Trigo de (1970). «O Edificio Comércial da Rua Braamcamp». Arquitectura 
  2. Sousa, Eduardo Trigo de (1970). «O Edificio Comércial da Rua Braamcamp». Arquitectura. 10 páginas 
  3. RTP. «Magazine de Arquitectura e Decoração». Consultado em 16 de junho de 2015. Arquivado do original em 3 de março de 2016 
  4. Sousa, Eduardo Trigo de (1970). «O Edificio Comércial da Rua Braamcamp». Arquitectura. 11 páginas 
  5. Afonso, João (2004). Arquitectura e Cidadania - Atelier Nuno Teotónio Pereira. Lisboa: Quimera 
  6. Sousa, Eduardo Trigo de (1970). «O Edificio Comércial da Rua Braamcamp». Arquitectura: 13-14 
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1902 — 1909
1910 — 1919

1910 Fontes Pereira de Melo, 30 · 1911 Alexandre Herculano, 25-25A · 1912 Villa Sousa · 1913 República, 23 · 1914 Fontes Pereira de Melo, 28-28A · 1915 Liberdade, 206-218 · 1916 Tomás Ribeiro, 58-60 · 1917 Viriato, 5 · 1918 · 1919 Duque de Loulé, 47

1920 — 1929

1920 · 1921 Cova da Moura, 1 (restauro) · 1922 · 1923 República, 49 · 1924 · 1925 · 1926 · 1927 Pensão Tivoli · 1928 Palacete Vale Flor · 1929 Moradia António Bravo

1930 — 1939

1930 Castilho, 64-66 · 1931 Infantaria 16, 92-94 · 1932 · 1933 · 1934 · 1935 · 1936 · 1937 · 1938 Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima · 1939 Columbano Bordalo Pinheiro, 52

1940 — 1949

1940 Edifício do Diário de Notícias · 1941 · 1942 Imprensa, 25 · 1943 António Augusto de Aguiar, 9 · 1944 Pedro Álvares Cabral, 67 · 1945 Sidónio Pais, 14 · 1946 Casal Ribeiro, 12 · 1947 São Francisco Xavier, 8 · 1948 · 1949 Artilharia Um, 105

1950 — 1959

1950 Duarte Pacheco Pereira, 37 · 1951 · 1952 Restelo, 23–23A · 1953 · 1954 Bulhão Pato, 2-14 - Bairro das Estacas · 1955 · 1956 Infante Santo, 70 (Bloco 2) · 1957 Estados Unidos da América, 12-40A (Lote 367) · 1958 Edifício dos Laboratórios Pasteur · 1959

1960 — 1969

1960 · 1961 · 1962 Almirante António Saldanha, 44 · 1963 · 1964 · 1965 · 1966 · 1967 General Silva Freire, 55–55A · 1968 · 1969

1970 — 1979

1970 Edifício América · 1971 Braancamp, 9 - Edifício Franjinhas · 1972 · 1973 · 1974 · 1975 Sede, Jardins e Museu da Fundação Calouste Gulbenkian · 1976 · 1977 · 1978 Maria Veleda, 2-4 · 1979

1980 — 1989

1980 Castilho, 223-233 / Dom Francisco Manuel de Melo, 2-8 · 1981 · 1982 Encosta das Olaias · 1983 · 1984 Edifício do Banco Fonsecas & Burnay · 1985 Edifício do Banco Credit Franco Portugais, Francisco Gentil 6-6E / 8-8E · 1986 · 1987 Instituto Jacob Rodrigues Pereira · 1988 Liberdade, 222 · 1989 Professor Queiroz Veloso, 2-38

1990 — 1999

1990 Século 107-109 / Academia das Ciências 2 / Horta 2-6 · 1991 Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa · 1992 · 1993 Complexo das Amoreiras · 1994 Professor Cavaleiro Ferreira, 4, / José Escada, 3 · 1995 · 1996 · 1997 Edifício Bagatela · 1998 Pavilhão de Portugal, Pavilhão do Conhecimento dos Mares · 1999

2000 — 2009

2000 Edifício C8 da FCUL · 2001 Atrium Saldanha · 2002 Edifício da Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, Edifício II do ISCTE - IUL · 2003 · 2004 Terraços de Bragança, Art''s Business & Hotel Centre, Entrada Norte de Lisboa (qualificação) · 2005 Edifício Sede da Vodafone, Quinta das Conchas e dos Lilases (qualificação) · 2006 · 2007 Estação Terreiro do Paço, Hospital da Luz · 2008 Escola Superior de Música de Lisboa, Estação Metropolitana e Ferroviária do Cais do Sodré · 2009 Edifício do Banco Mais

2010 — 2019
2010 Combro, 125-129 (reabilitação) · 2011 Escola Secundária Vergílio Ferreira, Escola Secundária Rainha Dona Leonor, Escola Básica Francisco de Arruda · 2012 · 2013 ETAR de Alcântara · 2014 Museu do Dinheiro · 2015 Terraços do Carmo · 2016 Cineteatro Capitólio - Teatro Raul Solnado (reabilitação) · 2017 Edifício Sede da EDP, Terminal de Cruzeiros de Lisboa · 2018 · 2019
Controle de autoridade
  • Wd: Q1284583
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  • SIPA: 23149