Cristo della Minerva

Michelangelo: Cristo redentor, 1519-1520. Igreja de Santa Maria sopra Minerva, Roma.

O Cristo della Minerva, também conhecido como Cristo Redentor ou Cristo portando a Cruz, é uma escultura em mármore de Michelangelo Buonarroti, terminada em 1521. O trabalho está na igreja de Santa Maria sopra Minerva, em Roma, Itália, à esquerda do altar principal.

O trabalho foi encomendado em junho 1514, pelo patrício romano Metello Vari, que estipulou apenas que a figura teria a cruz em seus braços, mas deixou a concepção inteiramente a cargo de Michelangelo. Michelangelo já estava trabalhando em uma primeira versão desta estátua em sua oficina por volta de 1515, mas abandonou-a antes de terminar, quando ele descobriu um veio preto no mármore branco. Uma nova versão foi feita às pressas em 1519-1520 para cumprir os termos do contrato. Michelangelo trabalhou na obra em Florença, e a enviou para Roma, onde retoques finais foram confiados a um de seus alunos, Pietro Urbano. Este, contudo, danificou o trabalho e foi substituído por outro escultor, Federico Frizzi, indicado por Sebastiano del Piombo.[1][2]

A primeira versão, retrabalhada posteriormente.

Mesmo inacabada, Metello Vari pediu para ficar com a primeira versão defeituosa, recebendo-a em janeiro de 1522, e instalando-a no pequeno jardim de seu palácio perto de Santa Maria sopra Minerva, considerando-se altamente honrado pela doação, e estimando-a como se fosse feita de ouro. Lá permaneceu, como a encontrou Ulisse Aldrovandi em 1556.[3] Em 1607 aparentemente foi vendida, após o que o paradeiro da obra tornou-se ignorado. Em 2000 Irene Baldriga identificou a primeira versão na sacristia da igreja de San Vincenzo Martire, em Basso Romano perto de Viterbo, com o veio negro claramente distinguível na face de Cristo, como havia sido descrito, mas a estátua havia sido muito retrabalhada no século XVII.[1]

A segunda versão, a "oficial", impressionou os contemporâneos. Sebastiano del Piombo declarou que os joelhos da estátua, sozinhos, valiam mais do que toda a Roma.[4] Cristo foi retratado inteiramente nu, em pé, com uma perna flexionada e a cabeça virada para o lado, de acordo com o princípio do "contrapposto". Ele abraça os instrumentos de seu martírio: a cruz onde o pregaram, a vara com que foi açoitado, a corda com que o amarraram, e a esponja por onde o fizeram beber vinagre. Durante o período Barroco sua nudez passou a ser considerada ofensiva, e o sexo foi oculto por um manto de bronze, como se encontra até hoje.[5][2]

Referências

  1. a b Baldriga, Irene. "The First Version of Michelangelo's Christ for S. Maria Sopra Minerva". In: The Burlington Magazine, 2000; 142 (1173):740-745
  2. a b Squarzina, Silvia Danesi. “Il Cristo portacroce di collezione Giustiniani. Prima versione incompiuta di un’opera di Michelangelo”. In: Giustiniani, Enrico. La storia della famiglia Giustiniani di Genova. Giustiniani.info
  3. Aldrovandi, Ulisse. Delle Statue antiche, che per tutta Roma, in diversi luoghi, & case si veggono. Venezia, 1556
  4. Wallace, William E. "Michelangelo's Risen Christ". In: Sixteenth Century Journal, 1997; 28 (4):1251-1280
  5. Steinberg, Leo. The Sexuality of Christ in Renaissance Art and in Modern Oblivion. University of Chicago Press, 1997

Ver também

  • v
  • d
  • e
Michelangelo
Esculturas
Cabeça de Fauno (perdida, c. 1488) • Madonna da Escada (c. 1491) • Centauromaquia (c. 1492) • Crucifixo (atribuição, 1492) • Hércules (perdido, 1492) • São Petrônio (1494–95) • São Proclo (1494–95) • Anjo (1494–95) • Cupido adormecido (perdido, 1496) • Baco (1496–97) • Cupido em pé (perdido, c. 1497-1498) • Pietà (1499–1500) • David (1501-04) • Madonna de Bruges (1501–04) • São Paulo (1503–04) • São Pedro (1503–04) • Pio (1503–04) • Tondo Taddei (c. 1503) • Tondo Pitti (c. 1503) • São Mateus (c. 1505) • Tumba de Júlio II (1503-45) - Moisés (c. 1513–15) Escravo rebelde (1513–16) Escravo moribundo (1513–16) Jovem prisioneiro (1520-23) Atlas (1520-23) Prisioneiro barbado (1520-23) Prisioneiro despertando (1520-23) Raquel (1545) e Lia (1545) • Estátua de Júlio II (perdida, 1508) • Gênio da Vitória (c. 1532–34) • Cristo Redentor (1519–20) • Tumba de Giuliano di Lorenzo de' Medici (1521-26) • Tumba de Lorenzo di Piero de' Medici (1521-26) • Virgem e o Menino • Apolo ou David (c. 1530) • Jovem ajoelhado (c. 1530-34) • Busto de Brutus (1540) • Pietà Palestrina (atribuição duvidosa, 1550) • Pietà de Florença (c. 1550) • Pietà Rondanini (1552–64)
Pinturas
O tormento de Santo Antônio (atribuição, c. 1487-88)Madonna Manchester (c. 1497) • Tondo Doni (c. 1503–06) • Sepultamento de Cristo (c. 1505) • A Batalha de Cascina (somente o esboço, perdido, 1504)Leda e o Cisne (perdida, 1530) • Teto da Capela Sistina (1508–12) • O Juízo Final (1534–41) • Crucificação (perdida, c. 1542-47) • A crucificação de São Pedro (1542–50) • A conversão de Saulo (1542–50)
Arquitetura
Capela de Leão X (1504) • Fachada da Basílica de São Lourenço (não realizada, 1520–34) • Sacristia Nova (1520–34)• Biblioteca Laurenciana (1523–59)Fortificações de Florença (1528–29) • Cordonata Capitolina (1538-42) • Praça do Capitólio (1538) • Palácio Farnese (1546) • Basílica de São Pedro (1546–1564) • Basílica de São João dos Florentinos (não realizada, 1559–60) • Capela Sforza (c. 1560) • Porta Pia (1561–65) • Basílica de Santa Maria dos Anjos e dos Mártires (1563-66)
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