Autovetor generalizado

Em álgebra linear, um autovetor generalizado (em inglês: generalized eigenvector) de uma matriz quadrada A {\displaystyle A} de ordem n é um vetor de ordem n que satisfaz certos critérios que são mais fracos que aqueles de um autovetor ordinário.[1]

Seja V {\displaystyle V} um espaço vetorial n-dimensional; seja ϕ {\displaystyle \phi } uma transformação linear em L(V), o conjunto de todas as transformações lineares de V {\displaystyle V} sobre si mesmo; e seja A {\displaystyle A} a representação matricial de ϕ {\displaystyle \phi } em relação a alguma base ordenada.

Pode não haver sempre um conjunto completo de n autovetores linearmente independentes de A {\displaystyle A} que formam uma base completa de V {\displaystyle V} . Isto é, a matriz A {\displaystyle A} pode não ser diagonalizável.[2][3] Isto ocorre quando a multiplicidade algébrica de pelo menos um autovalor λ i {\displaystyle \lambda _{i}} é maior que sua multiplicidade geométrica (a nulidade da matriz ( A λ i I ) {\displaystyle (A-\lambda _{i}I)} , ou a dimensão de seu espaço nulo). Neste caso, λ i {\displaystyle \lambda _{i}} é denominado um autovalor defectivo e A {\displaystyle A} é denominada uma matriz defectiva.[4]

Um autovetor generalizado x i {\displaystyle x_{i}} correspondendo a λ i {\displaystyle \lambda _{i}} , juntamente com a matriz ( A λ i I ) {\displaystyle (A-\lambda _{i}I)} , gera uma cadeia de Jordan de autovetores generalizados linearmente independentes que formam uma base para um subespaço invariante de V {\displaystyle V} .[5][6][7]

Usando autovetores generalizados, um conjunto de autovetores linearmente independentes de A {\displaystyle A} pode ser estendido para uma base completa para V {\displaystyle V} .[8] Esta base pode ser usada para determinar uma matriz quasi-diagonal J {\displaystyle J} em forma canônica de Jordan, semelhante a A {\displaystyle A} , que é de uso prático no cálculo de certas funções matriciais de A {\displaystyle A} .[1] A matriz J {\displaystyle J} é também útil na solução de sistemas de equações diferenciais ordinárias x = A x , {\displaystyle \mathbf {x} '=A\mathbf {x} ,} onde A {\displaystyle A} não precisa ser diagonalizável.[3][9]

Visão geral e definição

Existem diversas formas equivalentes de definir um autovetor ordinário.[10][11][12][13][14][15][16][17] Para nossos propósito aqui, um autovetor u {\displaystyle \mathbf {u} } associado com um autovalor λ {\displaystyle \lambda } de uma matriz A {\displaystyle A} de ordem n {\displaystyle n} × n {\displaystyle n} é um vetor não nulo para o qual ( A λ I ) u = 0 {\displaystyle (A-\lambda I)\mathbf {u} =\mathbf {0} } , sendo I {\displaystyle I} a matriz identidade n {\displaystyle n} × n {\displaystyle n} e 0 {\displaystyle \mathbf {0} } o vetor nulo de ordem n {\displaystyle n} .[12] Isto é, u {\displaystyle \mathbf {u} } é o núcleo da transformação linear ( A λ I ) {\displaystyle (A-\lambda I)} . Se A {\displaystyle A} tem n {\displaystyle n} autovetores linearmente independentes, então A {\displaystyle A} é similar a uma matriz diagonal D {\displaystyle D} . Isto é, existe uma matriz inversível M {\displaystyle M} tal que A {\displaystyle A} é diagonalizável através da transformação similar D = M 1 A M {\displaystyle D=M^{-1}AM} .[18][19] A matriz D {\displaystyle D} é denominada matriz espectral de A {\displaystyle A} . A matriz M {\displaystyle M} é denominada matriz modal de A {\displaystyle A} .[20] Matrizes diagonalizáveis são de particular interesse, por funções matriciais poderem ser facilmente computadas.[21]

De outro modo, se A {\displaystyle A} não tem n {\displaystyle n} autovetores linearmente independentes associados, então A {\displaystyle A} não é diagonalizável.[18][19]

Definição: Um vetor x m {\displaystyle \mathbf {x} _{m}} é um autovetor generalizado de grau m da matriz A {\displaystyle A} e correspondente ao autovalor λ {\displaystyle \lambda } se

( A λ I ) m x m = 0 {\displaystyle (A-\lambda I)^{m}\mathbf {x} _{m}=\mathbf {0} }

mas

( A λ I ) m 1 x m 0 . {\displaystyle (A-\lambda I)^{m-1}\mathbf {x} _{m}\neq \mathbf {0} .} [1]

Claramente, um autovetor generalizado de grau 1 é um autovetor ordinário.[22] Toda matriz A {\displaystyle A} n {\displaystyle n} × n {\displaystyle n} tem n {\displaystyle n} autovetores generalizados linearmente independentes associados a ela e pode ser mostrado ser similar a uma matriz "quase diagonal" J {\displaystyle J} na forma normal de Jordan.[23] Isto é, existe uma matriz inversível M {\displaystyle M} tal que J = M 1 A M {\displaystyle J=M^{-1}AM} .[24] A matriz M {\displaystyle M} neste caso é denominada uma matriz modal generalizada de A {\displaystyle A} .[25] Se λ {\displaystyle \lambda } é um autovalor de multiplicidade algébrica μ {\displaystyle \mu } , então A {\displaystyle A} terá μ {\displaystyle \mu } autovetores generalizados linearmente independentes correspondendo a λ {\displaystyle \lambda } .[8] Este resultado, por sua vez, fornece um método direto para o cálculo de funções matriciais de A {\displaystyle A} .[26]

Nota: Para uma matriz A {\displaystyle A} de ordem n × n {\displaystyle n\times n} sobre um corpo F {\displaystyle F} poder ser expressa na forma normal de Jordan, todos os autovalores de A {\displaystyle A} devem estar em F {\displaystyle F} . Isto é, o polinômio característico f ( x ) {\displaystyle f(x)} deve ser fatorado completamente em fatores lineares. Por exemplo, se A {\displaystyle A} tem elementos pertencentes ao conjunto dos números reais, então pode ser necessário que os autovalores e as componentes dos autovetores tenham valores complexos.[3][4][27]

O conjunto gerado por todos os autovetores generalizados para um dado λ {\displaystyle \lambda } forma o autoespaço generalizado para λ {\displaystyle \lambda } .[3]

Exemplos

Aqui estão alguns exemplos para ilustrar o conceito de autovetores generalizados. Alguns dos detalhes são descritos depois.

Exemplo 1

Este exemplo é simples mas ilustra claramente o problema. Este tipo de matriz é usado frequentemente em livros-texto.[2][3][28]

Seja

A = ( 1 1 0 1 ) . {\displaystyle A={\begin{pmatrix}1&1\\0&1\end{pmatrix}}.}

Então existe apenas um autovalor, λ = 1 {\displaystyle \lambda =1} , sendo sua multiplicidade algébrica m = 2.

Note que esta matriz está na forma normal de Jordan, mas não é diagonal. Portanto, esta matriz não é diagonalizável. Como há uma superdiagonal, existe um autovetor generalizado de ordem maior que 1 (ou pode-se notar que o espaço vetorial V {\displaystyle V} é de dimensão 2, devendo assim existir no mínimo um autovetor generalizado de grau maior que 1). Alternativamente, pode ser computada a dimensão do núcleo (espaço nulo) de A λ I {\displaystyle A-\lambda I} como sendo p = 1, e assim existem mp = 1 autovetores generalizados de grau maior que 1.

O autovetor ordinário v 1 = ( 1 0 ) {\displaystyle \mathbf {v} _{1}={\begin{pmatrix}1\\0\end{pmatrix}}} é computado da forma usual. Usando este autovetor é computado o autovetor generalizado v 2 {\displaystyle \mathbf {v} _{2}} resolvendo

( A λ I ) v 2 = v 1 . {\displaystyle (A-\lambda I)\mathbf {v} _{2}=\mathbf {v} _{1}.}

Explicitando os valores:

( ( 1 1 0 1 ) 1 ( 1 0 0 1 ) ) ( v 21 v 22 ) = ( 0 1 0 0 ) ( v 21 v 22 ) = ( 1 0 ) . {\displaystyle \left({\begin{pmatrix}1&1\\0&1\end{pmatrix}}-1{\begin{pmatrix}1&0\\0&1\end{pmatrix}}\right){\begin{pmatrix}v_{21}\\v_{22}\end{pmatrix}}={\begin{pmatrix}0&1\\0&0\end{pmatrix}}{\begin{pmatrix}v_{21}\\v_{22}\end{pmatrix}}={\begin{pmatrix}1\\0\end{pmatrix}}.}

Isto se simplifica como

v 22 = 1. {\displaystyle v_{22}=1.}

O elemento v 21 {\displaystyle v_{21}} não tem restrições. O autovetor generalizado de grau 2 é então v 2 = ( a 1 ) {\displaystyle \mathbf {v} _{2}={\begin{pmatrix}a\\1\end{pmatrix}}} , onde a pode assumir qualquer valor escalar. A escolha a = 0 é usualmente a mais simples.

Note que

( A λ I ) v 2 = ( 0 1 0 0 ) ( a 1 ) = ( 1 0 ) = v 1 , {\displaystyle (A-\lambda I)\mathbf {v} _{2}={\begin{pmatrix}0&1\\0&0\end{pmatrix}}{\begin{pmatrix}a\\1\end{pmatrix}}={\begin{pmatrix}1\\0\end{pmatrix}}=\mathbf {v} _{1},}

tal que v 2 {\displaystyle \mathbf {v} _{2}} é um autovetor generalizado,

( A λ I ) v 1 = ( 0 1 0 0 ) ( 1 0 ) = ( 0 0 ) = 0 , {\displaystyle (A-\lambda I)\mathbf {v} _{1}={\begin{pmatrix}0&1\\0&0\end{pmatrix}}{\begin{pmatrix}1\\0\end{pmatrix}}={\begin{pmatrix}0\\0\end{pmatrix}}=\mathbf {0} ,}

tal que v 1 {\displaystyle \mathbf {v} _{1}} é um autovetor ordinário, e que v 1 {\displaystyle \mathbf {v} _{1}} e v 2 {\displaystyle \mathbf {v} _{2}} são linearmente independentes e constituem assim uma base para o espaço vetorial V {\displaystyle V} .

Exemplo 2

Este exemplo é mais elaborado que o Exemplo 1. Infelizmente é dificultoso elaborar um exemplo interessante de baixa ordem.[29] A matriz

A = ( 1 0 0 0 0 3 1 0 0 0 6 3 2 0 0 10 6 3 2 0 15 10 6 3 2 ) {\displaystyle A={\begin{pmatrix}1&0&0&0&0\\3&1&0&0&0\\6&3&2&0&0\\10&6&3&2&0\\15&10&6&3&2\end{pmatrix}}}

tem autovalores λ 1 = 1 {\displaystyle \lambda _{1}=1} e λ 2 = 2 {\displaystyle \lambda _{2}=2} com multiplicidades algébricas μ 1 = 2 {\displaystyle \mu _{1}=2} e μ 2 = 3 {\displaystyle \mu _{2}=3} , mas multiplicidades geométricas γ 1 = 1 {\displaystyle \gamma _{1}=1} e γ 2 = 1 {\displaystyle \gamma _{2}=1} .

Os autoespaços generalizados de A {\displaystyle A} são calculados abaixo. x 1 {\displaystyle \mathbf {x} _{1}} é o autovetor ordinário associado com λ 1 {\displaystyle \lambda _{1}} . x 2 {\displaystyle \mathbf {x} _{2}} é um autovetor generalizado associado com λ 1 {\displaystyle \lambda _{1}} . y 1 {\displaystyle \mathbf {y} _{1}} é o autovetor ordinário associado com λ 2 {\displaystyle \lambda _{2}} . y 2 {\displaystyle \mathbf {y} _{2}} e y 3 {\displaystyle \mathbf {y} _{3}} são autovetores generalizados associados com λ 2 {\displaystyle \lambda _{2}} .

( A 1 I ) x 1 = ( 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 6 3 1 0 0 10 6 3 1 0 15 10 6 3 1 ) ( 0 3 9 9 3 ) = ( 0 0 0 0 0 ) = 0 , {\displaystyle (A-1I)\mathbf {x} _{1}={\begin{pmatrix}0&0&0&0&0\\3&0&0&0&0\\6&3&1&0&0\\10&6&3&1&0\\15&10&6&3&1\end{pmatrix}}{\begin{pmatrix}0\\3\\-9\\9\\-3\end{pmatrix}}={\begin{pmatrix}0\\0\\0\\0\\0\end{pmatrix}}=\mathbf {0} ,}
( A 1 I ) x 2 = ( 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 6 3 1 0 0 10 6 3 1 0 15 10 6 3 1 ) ( 1 15 30 1 45 ) = ( 0 3 9 9 3 ) = x 1 , {\displaystyle (A-1I)\mathbf {x} _{2}={\begin{pmatrix}0&0&0&0&0\\3&0&0&0&0\\6&3&1&0&0\\10&6&3&1&0\\15&10&6&3&1\end{pmatrix}}{\begin{pmatrix}1\\-15\\30\\-1\\-45\end{pmatrix}}={\begin{pmatrix}0\\3\\-9\\9\\-3\end{pmatrix}}=\mathbf {x} _{1},}
( A 2 I ) y 1 = ( 1 0 0 0 0 3 1 0 0 0 6 3 0 0 0 10 6 3 0 0 15 10 6 3 0 ) ( 0 0 0 0 9 ) = ( 0 0 0 0 0 ) = 0 , {\displaystyle (A-2I)\mathbf {y} _{1}={\begin{pmatrix}-1&0&0&0&0\\3&-1&0&0&0\\6&3&0&0&0\\10&6&3&0&0\\15&10&6&3&0\end{pmatrix}}{\begin{pmatrix}0\\0\\0\\0\\9\end{pmatrix}}={\begin{pmatrix}0\\0\\0\\0\\0\end{pmatrix}}=\mathbf {0} ,}
( A 2 I ) y 2 = ( 1 0 0 0 0 3 1 0 0 0 6 3 0 0 0 10 6 3 0 0 15 10 6 3 0 ) ( 0 0 0 3 0 ) = ( 0 0 0 0 9 ) = y 1 , {\displaystyle (A-2I)\mathbf {y} _{2}={\begin{pmatrix}-1&0&0&0&0\\3&-1&0&0&0\\6&3&0&0&0\\10&6&3&0&0\\15&10&6&3&0\end{pmatrix}}{\begin{pmatrix}0\\0\\0\\3\\0\end{pmatrix}}={\begin{pmatrix}0\\0\\0\\0\\9\end{pmatrix}}=\mathbf {y} _{1},}
( A 2 I ) y 3 = ( 1 0 0 0 0 3 1 0 0 0 6 3 0 0 0 10 6 3 0 0 15 10 6 3 0 ) ( 0 0 1 2 0 ) = ( 0 0 0 3 0 ) = y 2 . {\displaystyle (A-2I)\mathbf {y} _{3}={\begin{pmatrix}-1&0&0&0&0\\3&-1&0&0&0\\6&3&0&0&0\\10&6&3&0&0\\15&10&6&3&0\end{pmatrix}}{\begin{pmatrix}0\\0\\1\\-2\\0\end{pmatrix}}={\begin{pmatrix}0\\0\\0\\3\\0\end{pmatrix}}=\mathbf {y} _{2}.}

Isto resulta em uma base para cada um dos autoespaços generalizados de A {\displaystyle A} . Juntamente as duas cadeias de autovetores generalizados cobrem o espaço de todo os vetores colunas 5-dimensionais.

{ x 1 , x 2 } = { ( 0 3 9 9 3 ) ( 1 15 30 1 45 ) } , { y 1 , y 2 , y 3 } = { ( 0 0 0 0 9 ) ( 0 0 0 3 0 ) ( 0 0 1 2 0 ) } . {\displaystyle \left\{\mathbf {x} _{1},\mathbf {x} _{2}\right\}=\left\{{\begin{pmatrix}0\\3\\-9\\9\\-3\end{pmatrix}}{\begin{pmatrix}1\\-15\\30\\-1\\-45\end{pmatrix}}\right\},\left\{\mathbf {y} _{1},\mathbf {y} _{2},\mathbf {y} _{3}\right\}=\left\{{\begin{pmatrix}0\\0\\0\\0\\9\end{pmatrix}}{\begin{pmatrix}0\\0\\0\\3\\0\end{pmatrix}}{\begin{pmatrix}0\\0\\1\\-2\\0\end{pmatrix}}\right\}.}

Uma matriz "quasi-diagonal" J {\displaystyle J} na forma normal de Jordan, similar a A {\displaystyle A} é obtida como segue:

M = ( x 1 x 2 y 1 y 2 y 3 ) = ( 0 1 0 0 0 3 15 0 0 0 9 30 0 0 1 9 1 0 3 2 3 45 9 0 0 ) , {\displaystyle M={\begin{pmatrix}\mathbf {x} _{1}&\mathbf {x} _{2}&\mathbf {y} _{1}&\mathbf {y} _{2}&\mathbf {y} _{3}\end{pmatrix}}={\begin{pmatrix}0&1&0&0&0\\3&-15&0&0&0\\-9&30&0&0&1\\9&-1&0&3&-2\\-3&-45&9&0&0\end{pmatrix}},}
J = ( 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 2 ) , {\displaystyle J={\begin{pmatrix}1&1&0&0&0\\0&1&0&0&0\\0&0&2&1&0\\0&0&0&2&1\\0&0&0&0&2\end{pmatrix}},}

onde M {\displaystyle M} é uma matriz modal generalizada para A {\displaystyle A} , as colunas de M {\displaystyle M} são uma base canônica para A {\displaystyle A} , e A M = M J {\displaystyle AM=MJ} .[30]

Cadeias de Jordan

Definição: Seja x m {\displaystyle \mathbf {x} _{m}} um autovetor generalizado de grau m correspondente à matriz A {\displaystyle A} e o autovalor λ {\displaystyle \lambda } . A cadeia gerada por x m {\displaystyle \mathbf {x} _{m}} é um conjunto de vetores { x m , x m 1 , , x 1 } {\displaystyle \left\{\mathbf {x} _{m},\mathbf {x} _{m-1},\dots ,\mathbf {x} _{1}\right\}} dado por

x m 1 = ( A λ I ) x m , {\displaystyle \mathbf {x} _{m-1}=(A-\lambda I)\mathbf {x} _{m},}
x m 2 = ( A λ I ) 2 x m = ( A λ I ) x m 1 , {\displaystyle \mathbf {x} _{m-2}=(A-\lambda I)^{2}\mathbf {x} _{m}=(A-\lambda I)\mathbf {x} _{m-1},}
x m 3 = ( A λ I ) 3 x m = ( A λ I ) x m 2 , {\displaystyle \mathbf {x} _{m-3}=(A-\lambda I)^{3}\mathbf {x} _{m}=(A-\lambda I)\mathbf {x} _{m-2},}

{\displaystyle \vdots }

x 1 = ( A λ I ) m 1 x m = ( A λ I ) x 2 . {\displaystyle \mathbf {x} _{1}=(A-\lambda I)^{m-1}\mathbf {x} _{m}=(A-\lambda I)\mathbf {x} _{2}.}

 

 

 

 

(1)

Assim, em geral

x j = ( A λ I ) m j x m = ( A λ I ) x j + 1 ( j = 1 , 2 , , m 1 ) . {\displaystyle \mathbf {x} _{j}=(A-\lambda I)^{m-j}\mathbf {x} _{m}=(A-\lambda I)\mathbf {x} _{j+1}\qquad (j=1,2,\dots ,m-1).}

 

 

 

 

(2)

O vetor x j {\displaystyle \mathbf {x} _{j}} , dado pela Eq. (2), é um autovetor generalizado de grau j correspondente ao autovalor λ {\displaystyle \lambda } . Uma cadeia e um conjunto linearmente independente de vetores.[6]

Base canônica

Ver artigo principal: Base canônica

Definição: Um conjunto de n autovetores generalizados linearmente independentes é uma base canônica se for composto inteiramente de cadeias de Jordan.

Então, uma vez determinado que um autovetor generalizado de posto m é uma base canônica, segue que os m-1 vetores x m 1 , x m 2 , , x 1 {\displaystyle \mathbf {x} _{m-1},\mathbf {x} _{m-2},\ldots ,\mathbf {x} _{1}} que estão na cadeia de Jordan, gerados por x m {\displaystyle \mathbf {x} _{m}} . também estão em base canônica.[31]

Dado λ i {\displaystyle \lambda _{i}} um autovalor de A {\displaystyle A} de multiplicidade algébrica Primeiro, determine os postos das matrizes ( A λ i I ) , ( A λ i I ) 2 , , ( A λ i I ) m i {\displaystyle (A-\lambda _{i}I),(A-\lambda _{i}I)^{2},\ldots ,(A-\lambda _{i}I)^{m_{i}}} . O inteiro m i {\displaystyle m_{i}} é definido como o primeiro inteiro para o qual ( A λ i I ) m i {\displaystyle (A-\lambda _{i}I)^{m_{i}}} possui posto n μ i {\displaystyle n-\mu _{i}} (n sendo o número de linhas e colunas de A {\displaystyle A} , isto é, A {\displaystyle A} é n × n).

Então define-se:

ρ k = r a n k ( A λ i I ) k 1 r a n k ( A λ i I ) k ( k = 1 , 2 , , m i ) . {\displaystyle \rho _{k}=rank(A-\lambda _{i}I)^{k-1}-rank(A-\lambda _{i}I)^{k}\qquad (k=1,2,\ldots ,m_{i}).}

A variável ρ k {\displaystyle \rho _{k}} designa o número de autovetores generalizados linearmente independentes de posto k correspondendo ao autovalor λ i {\displaystyle \lambda _{i}} que aparecerá em uma base canônica de A {\displaystyle A} . Observa-se que:

r a n k ( A λ i I ) 0 = r a n k ( I ) = n {\displaystyle rank(A-\lambda _{i}I)^{0}=rank(I)=n} .[32]


Cálculo de autovetores generalizados

Nas seções precedentes vimos técnicas para obter n autovetores generalizados linearmente independentes de uma base canônica para o espaço vetorial V {\displaystyle V} associado com uma matriz n × n A {\displaystyle A} . Estas técnicas podem ser combinadas em um procedimento:

Resolva a equação característica de A {\displaystyle A} para os autovalores λ i {\displaystyle \lambda _{i}} e suas multiplicidades algébricas μ i {\displaystyle \mu _{i}} ;
Para cada λ i : {\displaystyle \lambda _{i}:}
Determine n μ i {\displaystyle n-\mu _{i}} ;
Determine m i {\displaystyle m_{i}} ;
Determine ρ k {\displaystyle \rho _{k}} para ( k = 1 , , m i ) {\displaystyle (k=1,\ldots ,m_{i})} ;
Determine cada cadeia de Jordan para λ i {\displaystyle \lambda _{i}} .

Exemplo 3

A matriz

A = ( 5 1 2 4 0 5 2 2 0 0 5 3 0 0 0 4 ) {\displaystyle A={\begin{pmatrix}5&1&-2&4\\0&5&2&2\\0&0&5&3\\0&0&0&4\end{pmatrix}}}

tem um autovalor λ 1 = 5 {\displaystyle \lambda _{1}=5} de multiplicidade algébrica μ 1 = 3 {\displaystyle \mu _{1}=3} e um autovalor λ 2 = 4 {\displaystyle \lambda _{2}=4} de multiplicidade algébrica μ 2 = 1 {\displaystyle \mu _{2}=1} . Temos n = 4. Para λ 1 {\displaystyle \lambda _{1}} temos n μ 1 = 4 3 = 1 {\displaystyle n-\mu _{1}=4-3=1} .

( A 5 I ) = ( 0 1 2 4 0 0 2 2 0 0 0 3 0 0 0 1 ) , p o s t o ( A 5 I ) = 3. {\displaystyle (A-5I)={\begin{pmatrix}0&1&-2&4\\0&0&2&2\\0&0&0&3\\0&0&0&-1\end{pmatrix}},\qquad posto(A-5I)=3.}
( A 5 I ) 2 = ( 0 0 2 8 0 0 0 4 0 0 0 3 0 0 0 1 ) , p o s t o ( A 5 I ) 2 = 2. {\displaystyle (A-5I)^{2}={\begin{pmatrix}0&0&2&-8\\0&0&0&4\\0&0&0&-3\\0&0&0&1\end{pmatrix}},\qquad posto(A-5I)^{2}=2.}
( A 5 I ) 3 = ( 0 0 0 14 0 0 0 4 0 0 0 3 0 0 0 1 ) , p o s t o ( A 5 I ) 3 = 1. {\displaystyle (A-5I)^{3}={\begin{pmatrix}0&0&0&14\\0&0&0&-4\\0&0&0&3\\0&0&0&-1\end{pmatrix}},\qquad posto(A-5I)^{3}=1.}

O primeiro inteiro m 1 {\displaystyle m_{1}} para o qual ( A 5 I ) m 1 {\displaystyle (A-5I)^{m_{1}}} tem posto n μ 1 = 1 {\displaystyle n-\mu _{1}=1} é m 1 = 3 {\displaystyle m_{1}=3} .

Definimos agora

ρ 3 = p o s t o ( A 5 I ) 2 p o s t o ( A 5 I ) 3 = 2 1 = 1 , {\displaystyle \rho _{3}=posto(A-5I)^{2}-posto(A-5I)^{3}=2-1=1,}
ρ 2 = p o s t o ( A 5 I ) 1 p o s t o ( A 5 I ) 2 = 3 2 = 1 , {\displaystyle \rho _{2}=posto(A-5I)^{1}-posto(A-5I)^{2}=3-2=1,}
ρ 1 = p o s t o ( A 5 I ) 0 p o s t o ( A 5 I ) 1 = 4 3 = 1. {\displaystyle \rho _{1}=posto(A-5I)^{0}-posto(A-5I)^{1}=4-3=1.}

Consequentemente, existem três autovetores generalizados linearmente independentes; cada qual de postos 3, 2 a 1. Como λ 1 {\displaystyle \lambda _{1}} corresponde a uma simples cadeia de três autovetores generalizados linearmente independentes, sabemos que existe um autovetor generalizado x 3 {\displaystyle \mathbf {x} _{3}} de posto 3 correspondente a λ 1 {\displaystyle \lambda _{1}} tal que

( A 5 I ) 3 x 3 = 0 {\displaystyle (A-5I)^{3}\mathbf {x} _{3}=\mathbf {0} }

 

 

 

 

(3)

mas

( A 5 I ) 2 x 3 0 . {\displaystyle (A-5I)^{2}\mathbf {x} _{3}\neq \mathbf {0} .}

 

 

 

 

(4)

As equações (3) e (4) representam sistemas lineares que podem ser resolvidos para x 3 {\displaystyle \mathbf {x} _{3}} . Seja

x 3 = ( x 31 x 32 x 33 x 34 ) . {\displaystyle \mathbf {x} _{3}={\begin{pmatrix}x_{31}\\x_{32}\\x_{33}\\x_{34}\end{pmatrix}}.}

Então

( A 5 I ) 3 x 3 = ( 0 0 0 14 0 0 0 4 0 0 0 3 0 0 0 1 ) ( x 31 x 32 x 33 x 34 ) = ( 14 x 34 4 x 34 3 x 34 x 34 ) = ( 0 0 0 0 ) {\displaystyle (A-5I)^{3}\mathbf {x} _{3}={\begin{pmatrix}0&0&0&14\\0&0&0&-4\\0&0&0&3\\0&0&0&-1\end{pmatrix}}{\begin{pmatrix}x_{31}\\x_{32}\\x_{33}\\x_{34}\end{pmatrix}}={\begin{pmatrix}14x_{34}\\-4x_{34}\\3x_{34}\\-x_{34}\end{pmatrix}}={\begin{pmatrix}0\\0\\0\\0\end{pmatrix}}}

e

( A 5 I ) 2 x 3 = ( 0 0 2 8 0 0 0 4 0 0 0 3 0 0 0 1 ) ( x 31 x 32 x 33 x 34 ) = ( 2 x 33 8 x 34 4 x 34 3 x 34 x 34 ) ( 0 0 0 0 ) . {\displaystyle (A-5I)^{2}\mathbf {x} _{3}={\begin{pmatrix}0&0&2&-8\\0&0&0&4\\0&0&0&-3\\0&0&0&1\end{pmatrix}}{\begin{pmatrix}x_{31}\\x_{32}\\x_{33}\\x_{34}\end{pmatrix}}={\begin{pmatrix}2x_{33}-8x_{34}\\4x_{34}\\-3x_{34}\\x_{34}\end{pmatrix}}\neq {\begin{pmatrix}0\\0\\0\\0\end{pmatrix}}.}

Assim, a fim de satisfazer as condições (3) e (4), devemos ter x 34 = 0 {\displaystyle x_{34}=0} e x 33 0 {\displaystyle x_{33}\neq 0} . Nenhuma restrição é imposta sobre x 31 {\displaystyle x_{31}} e x 32 {\displaystyle x_{32}} . Escolhendo x 31 = x 32 = x 34 = 0 , x 33 = 1 {\displaystyle x_{31}=x_{32}=x_{34}=0,x_{33}=1} , obtemos

x 3 = ( 0 0 1 0 ) {\displaystyle \mathbf {x} _{3}={\begin{pmatrix}0\\0\\1\\0\end{pmatrix}}}

como um autovetor generalizado de posto 3 correspondente a λ 1 = 5 {\displaystyle \lambda _{1}=5} . Note que é possível obter infinitos outros autovetores generalizados de posto 3 escolhendo diferentes valores de x 31 {\displaystyle x_{31}} , x 32 {\displaystyle x_{32}} e x 33 {\displaystyle x_{33}} , com x 33 0 {\displaystyle x_{33}\neq 0} . Nossa primeira escolha, contudo, é a mais simples.[33]

Agora usando as equações (1), obtemos x 2 {\displaystyle \mathbf {x} _{2}} e x 1 {\displaystyle \mathbf {x} _{1}} como autovetores generalizados de postos 2 e 1 respectivamente,onde

x 2 = ( A 5 I ) x 3 = ( 2 2 0 0 ) , {\displaystyle \mathbf {x} _{2}=(A-5I)\mathbf {x} _{3}={\begin{pmatrix}-2\\2\\0\\0\end{pmatrix}},}

e

x 1 = ( A 5 I ) x 2 = ( 2 0 0 0 ) . {\displaystyle \mathbf {x} _{1}=(A-5I)\mathbf {x} _{2}={\begin{pmatrix}2\\0\\0\\0\end{pmatrix}}.}

O autovalor simples λ 2 = 4 {\displaystyle \lambda _{2}=4} pode ser tratado usando técnicas padrão e tem um autovetor ordinário

y 1 = ( 14 4 3 1 ) . {\displaystyle \mathbf {y} _{1}={\begin{pmatrix}-14\\4\\-3\\1\end{pmatrix}}.}

Uma base canônica para A {\displaystyle A} é

{ x 3 , x 2 , x 1 , y 1 } = { ( 0 0 1 0 ) ( 2 2 0 0 ) ( 2 0 0 0 ) ( 14 4 3 1 ) } . {\displaystyle \left\{\mathbf {x} _{3},\mathbf {x} _{2},\mathbf {x} _{1},\mathbf {y} _{1}\right\}=\left\{{\begin{pmatrix}0\\0\\1\\0\end{pmatrix}}{\begin{pmatrix}-2\\2\\0\\0\end{pmatrix}}{\begin{pmatrix}2\\0\\0\\0\end{pmatrix}}{\begin{pmatrix}-14\\4\\-3\\1\end{pmatrix}}\right\}.}

x 1 , x 2 {\displaystyle \mathbf {x} _{1},\mathbf {x} _{2}} e x 3 {\displaystyle \mathbf {x} _{3}} são autovetores generalizados associados com λ 1 {\displaystyle \lambda _{1}} . y 1 {\displaystyle \mathbf {y} _{1}} é o autovetor ordinário associado com λ 2 {\displaystyle \lambda _{2}} .

Deve ser notado que este é um exemplo simples. Em geral, os números ρ k {\displaystyle \rho _{k}} de autovetores generalizados linearmente independentes de posto k não serão sempre iguais. Isto é, pode haver diversas cadeias de comprimentos diferentes correspondentes a um particular autovalor.[34]

Matriz modal generalizada

Seja A {\displaystyle A} uma matriz n × n. Uma matriz modal generalizada M {\displaystyle M} para A {\displaystyle A} é uma matriz n × n cujas colunas, consideradas como vetores, forma uma base canônica para A {\displaystyle A} e aparece em M {\displaystyle M} de acordo com as seguintes regras:

  • Todas as cadeias de Jordan consistindo de um vetor (isto, um vetor no comprimento) aparece nas primeiras colunas de M {\displaystyle M} .
  • Todos os vetores de uma cadeia aparecem juntos em colunas adjacentes de M {\displaystyle M} .
  • Cada cadeia aparece em M {\displaystyle M} na ordem de posto crescente (isto é, o autovetor generalizado de posto 1 aparece antes do autovetor generalizado de posto 2 da mesma cadeia, que aparece antes do autovetor generalizado de posto 3 da mesma cadeia, etc.).[25]

Forma canônica de Jordan

Um exemplo de uma matriz na forma canônica de Jordan. Os blocos cinza são chamados de blocos de Jordan.
Ver artigo principal: Forma canônica de Jordan

Seja V {\displaystyle V} um espaço vetorial n-dimensional; seja ϕ {\displaystyle \phi } um mapeamento linear em L(V), o conjunto de todos os mapeamentos lineares de V {\displaystyle V} nele mesmo; e seja A {\displaystyle A} a representação matricial de ϕ {\displaystyle \phi } em relação a alguma base ordenada. Pode ser mostrado que se o polinômio característico f ( λ ) {\displaystyle f(\lambda )} de A {\displaystyle A} é fatorado em fatores lineares, tal que f ( λ ) {\displaystyle f(\lambda )} tem a forma

f ( λ ) = ± ( λ λ 1 ) μ 1 ( λ λ 2 ) μ 2 ( λ λ r ) μ r , {\displaystyle f(\lambda )=\pm (\lambda -\lambda _{1})^{\mu _{1}}(\lambda -\lambda _{2})^{\mu _{2}}\cdots (\lambda -\lambda _{r})^{\mu _{r}},}

onde λ 1 , λ 2 , , λ r {\displaystyle \lambda _{1},\lambda _{2},\ldots ,\lambda _{r}} são os distintos autovalores de A {\displaystyle A} , então cada μ i {\displaystyle \mu _{i}} é a multiplicidade algébrica de seu correspondente autovalor λ i {\displaystyle \lambda _{i}} e A {\displaystyle A} é similar a uma matriz J {\displaystyle J} na forma canônica de Jordan, onde cada λ i {\displaystyle \lambda _{i}} aparece μ i {\displaystyle \mu _{i}} vezes consecutivas na diagonal principal, e cada componente acima de cada λ i {\displaystyle \lambda _{i}} (isto é, na superdiagonal) tem valor 0 ou 1; o elemento acima da primeira ocorrência de cada λ i {\displaystyle \lambda _{i}} é sempre 0. Todos os outros elementos são zero. Se A {\displaystyle A} é diagonalizável, então todos os elementos acima da diagonal são zero.[35] Note que alguns livros-texto tem os uns na subdiagonal, isto é, imediatamente abaixo da diagonal principal ao invés de na superdiagonal. Os autovalores estão ainda na diagonal principal.[36][37]

Toda matriz n × n A {\displaystyle A} é similar a uma matriz J {\displaystyle J} na forma canônica de Jordan, obtida através da transformação similar J = M 1 A M {\displaystyle J=M^{-1}AM} , onde M {\displaystyle M} é uma matriz modal generalizada para A {\displaystyle A} .[38] (ver Nota acima.)

Exemplo 4

Determinar a matriz na forma canônica de Jordan que é similar a

A = ( 0 4 2 3 8 3 4 8 2 ) . {\displaystyle A={\begin{pmatrix}0&4&2\\-3&8&3\\4&-8&-2\end{pmatrix}}.}

Solução: A equação característica de A {\displaystyle A} é ( λ 2 ) 3 = 0 {\displaystyle (\lambda -2)^{3}=0} , e então λ = 2 {\displaystyle \lambda =2} é um autovalor de multiplicidade algébrica três. Seguindo o procedimento das seções precedentes temos

p o s t o ( A 2 I ) = 1 {\displaystyle posto(A-2I)=1}

e

p o s t o ( A 2 I ) 2 = 0 = n μ . {\displaystyle posto(A-2I)^{2}=0=n-\mu .}

Assim, ρ 2 = 1 {\displaystyle \rho _{2}=1} e ρ 1 = 2 {\displaystyle \rho _{1}=2} , que implica que a base canônica para A {\displaystyle A} contém um autovetor generalizado linearmente independente de posto 2 e dois autovetores generalizados linearmente independentes de posto 1, ou equivalentemente, uma cadeia de dois vetores { x 2 , x 1 } {\displaystyle \left\{\mathbf {x} _{2},\mathbf {x} _{1}\right\}} e uma cadeia de um vetor { y 1 } {\displaystyle \left\{\mathbf {y} _{1}\right\}} . Designando M = ( y 1 x 1 x 2 ) {\displaystyle M={\begin{pmatrix}\mathbf {y} _{1}&\mathbf {x} _{1}&\mathbf {x} _{2}\end{pmatrix}}} , temos

M = ( 2 2 0 1 3 0 0 4 1 ) , {\displaystyle M={\begin{pmatrix}2&2&0\\1&3&0\\0&-4&1\end{pmatrix}},}

e

J = ( 2 0 0 0 2 1 0 0 2 ) , {\displaystyle J={\begin{pmatrix}2&0&0\\0&2&1\\0&0&2\end{pmatrix}},}

onde M {\displaystyle M} é uma matriz modal generalizada para A {\displaystyle A} , as colunas de M {\displaystyle M} são uma base canônica para A {\displaystyle A} , e A M = M J {\displaystyle AM=MJ} .[39] Note que desde que autovetores generalizados não são únicos, e desde que algumas das colunas de ambos M {\displaystyle M} e J {\displaystyle J} podem ser intercambiadas, segue que ambos M {\displaystyle M} e J {\displaystyle J} não são únicos.[40]

Exemplo 5

No Exemplo 3 encontramos uma base canônica de autovetores generalizados linearmente independentes para uma matriz A {\displaystyle A} . Uma matriz modal generalizada para A {\displaystyle A} é

M = ( y 1 x 1 x 2 x 3 ) = ( 14 2 2 0 4 0 2 0 3 0 0 1 1 0 0 0 ) . {\displaystyle M={\begin{pmatrix}\mathbf {y} _{1}&\mathbf {x} _{1}&\mathbf {x} _{2}&\mathbf {x} _{3}\end{pmatrix}}={\begin{pmatrix}-14&2&-2&0\\4&0&2&0\\-3&0&0&1\\1&0&0&0\end{pmatrix}}.}

Uma matriz na forma canônica de Jordan, similar a A {\displaystyle A} é

J = ( 4 0 0 0 0 5 1 0 0 0 5 1 0 0 0 5 ) , {\displaystyle J={\begin{pmatrix}4&0&0&0\\0&5&1&0\\0&0&5&1\\0&0&0&5\end{pmatrix}},}

tal que A M = M J {\displaystyle AM=MJ} .

Aplicações

Funções matriciais

Ver artigo principal: Função matricial

Três das mais fundamentais operações que podem ser aplicadas sobre matrizes quadradas são adição, multiplicação por um escalar e multiplicação de matrizes.[41] Estas são exatamente as operações necessárias para definir uma função polinomial de uma matriz n × n A {\displaystyle A} .[42] Relembrando do cálculo básico que muitas funções podem ser expressas em uma série de Taylor, podemos definir de forma mais geral funções matriciais de forma mais simples.[43] Se A {\displaystyle A} é diagonalizável, isto é

D = M 1 A M , {\displaystyle D=M^{-1}AM,}

com

D = ( λ 1 0 0 0 λ 2 0 0 0 λ n ) , {\displaystyle D={\begin{pmatrix}\lambda _{1}&0&\cdots &0\\0&\lambda _{2}&\cdots &0\\\vdots &\vdots &\ddots &\vdots \\0&0&\cdots &\lambda _{n}\end{pmatrix}},}

então

D k = ( λ 1 k 0 0 0 λ 2 k 0 0 0 λ n k ) {\displaystyle D^{k}={\begin{pmatrix}\lambda _{1}^{k}&0&\cdots &0\\0&\lambda _{2}^{k}&\cdots &0\\\vdots &\vdots &\ddots &\vdots \\0&0&\cdots &\lambda _{n}^{k}\end{pmatrix}}}

e a determinação da série de Taylor para funções de A {\displaystyle A} é significativamente simplificada.[44] Por exemplo, para obter qualquer potência k de A {\displaystyle A} , basta calcular D k {\displaystyle D^{k}} , premultiplicar D k {\displaystyle D^{k}} por M {\displaystyle M} , e posmultiplicar o resultado por M 1 {\displaystyle M^{-1}} .[45]

Usandoautovetores generalizados podemos obter a forma canônica de Jordan para A {\displaystyle A} e estes resultados podem ser generalizados para um método direto para determinação de funções de matrizes não diagonalisáveis.[46]

Equações diferenciais

Ver artigo principal: Equação diferencial ordinária

Considere o problema de resolver o sistema linear de equações diferencias ordinárias

x = A x , {\displaystyle \mathbf {x} '=A\mathbf {x} ,}

 

 

 

 

(5)

onde

x = ( x 1 ( t ) x 2 ( t ) x n ( t ) ) , x = ( x 1 ( t ) x 2 ( t ) x n ( t ) ) , {\displaystyle \mathbf {x} ={\begin{pmatrix}x_{1}(t)\\x_{2}(t)\\\vdots \\x_{n}(t)\end{pmatrix}},\quad \mathbf {x} '={\begin{pmatrix}x_{1}'(t)\\x_{2}'(t)\\\vdots \\x_{n}'(t)\end{pmatrix}},}      e      A = ( a i j ) . {\displaystyle A=(a_{ij}).}

Se a matriz A {\displaystyle A} é uma matriz diagonal tal que a i j = 0 {\displaystyle a_{ij}=0} para i j {\displaystyle i\neq j} , então o sistema (5) reduz-se a um sistema de n equações na forma

x 1 = a 11 x 1 {\displaystyle x_{1}'=a_{11}x_{1}}
x 2 = a 22 x 2 {\displaystyle x_{2}'=a_{22}x_{2}}

{\displaystyle \vdots }

x n = a n n x n . {\displaystyle x_{n}'=a_{nn}x_{n}.}

 

 

 

 

(6)

Neste caso, a solução geral é dada por

x 1 = k 1 e a 11 t {\displaystyle x_{1}=k_{1}e^{a_{11}t}}
x 2 = k 2 e a 22 t {\displaystyle x_{2}=k_{2}e^{a_{22}t}}
{\displaystyle \vdots }
x n = k n e a n n t . {\displaystyle x_{n}=k_{n}e^{a_{nn}t}.}

No caso geral, tenta-se diagonalizar A {\displaystyle A} e reduzir (5) para um sistema (6) como a seguir. Se A {\displaystyle A} é diagonalizável, então tem-se que D = M 1 A M {\displaystyle D=M^{-1}AM} , onde M {\displaystyle M} é a matriz modal de A {\displaystyle A} . Substituindo a equação A = M D M 1 {\displaystyle A=MDM^{-1}} , (5) toma a forma M 1 x = D ( M 1 x ) {\displaystyle M^{-1}\mathbf {x} '=D(M^{-1}\mathbf {x} )} , ou

y = D y , {\displaystyle \mathbf {y} '=D\mathbf {y} ,}

 

 

 

 

(7)

onde

x = M y . {\displaystyle \mathbf {x} =M\mathbf {y} .}

 

 

 

 

(8)

A solução de (7) é dada por

y 1 = k 1 e λ 1 t {\displaystyle y_{1}=k_{1}e^{\lambda _{1}t}}
y 2 = k 2 e λ 2 t {\displaystyle y_{2}=k_{2}e^{\lambda _{2}t}}
{\displaystyle \vdots }
y n = k n e λ n t . {\displaystyle y_{n}=k_{n}e^{\lambda _{n}t}.}

A solução x {\displaystyle \mathbf {x} } de (5) é obtida usando a relação (8).[47]

Por outro lado, se A {\displaystyle A} não é diagonalizável, escolhe-se para M {\displaystyle M} uma matriz modal generalizada de A {\displaystyle A} , tal que J = M 1 A M {\displaystyle J=M^{-1}AM} é a forma canônica de Jordan normal of A {\displaystyle A} . O sistema y = J y {\displaystyle \mathbf {y} '=J\mathbf {y} } possui a forma

y 1 = λ 1 y 1 + ϵ 1 y 2 y n 1 = λ n 1 y n 1 + ϵ n 1 y n y n = λ n y n , {\displaystyle {\begin{aligned}y_{1}'&=\lambda _{1}y_{1}+\epsilon _{1}y_{2}\\&\vdots \\y_{n-1}'&=\lambda _{n-1}y_{n-1}+\epsilon _{n-1}y_{n}\\y_{n}'&=\lambda _{n}y_{n},\end{aligned}}}

 

 

 

 

(9)

onde λ i {\displaystyle \lambda _{i}} são os autovalores da diagonal principal de J {\displaystyle J} e ϵ i {\displaystyle \epsilon _{i}} são os uns e zeros da superdiagonal de J {\displaystyle J} . O sistema (9) normalmente é de resolução mais fácil que (5). Podemos então solucionar (9) para y n {\displaystyle y_{n}} , obtendo y n = k n e λ n t {\displaystyle y_{n}=k_{n}e^{\lambda _{n}t}} . Substituímos então essa solução por y n {\displaystyle y_{n}} na penúltima equação em (9) e resolvemos para y n 1 {\displaystyle y_{n-1}} . Continuando dessa forma resolvemos (9) da última para a primeira equação, resolvendo o sistema inteiro para y {\displaystyle \mathbf {y} } . A solução x {\displaystyle \mathbf {x} } é obtida então usando (8).[48]

Referências

  1. a b c Bronson (1970, p. 189)
  2. a b Beauregard & Fraleigh (1973, p. 310)
  3. a b c d e Nering (1970, p. 118)
  4. a b Golub & Van Loan (1996, p. 316)
  5. Beauregard & Fraleigh (1973, p. 319)
  6. a b Bronson (1970, pp. 194–195)
  7. Golub & Van Loan (1996, p. 311)
  8. a b Bronson (1970, p. 196)
  9. Beauregard & Fraleigh (1973, pp. 316–318)
  10. Anton (1987, pp. 301–302)
  11. Beauregard & Fraleigh (1973, p. 266)
  12. a b Burden & Faires (1993, p. 401)
  13. Golub & Van Loan (1996, pp. 310–311)
  14. Harper (1976, p. 58)
  15. Herstein (1964, p. 225)
  16. Kreyszig (1972, pp. 273,684)
  17. Nering (1970, p. 104)
  18. a b Beauregard & Fraleigh (1973, pp. 270–274)
  19. a b Bronson (1970, pp. 179–183)
  20. Bronson (1970, p. 181)
  21. Bronson (1970, p. 179)
  22. Bronson (1970, pp. 190,202)
  23. Bronson (1970, pp. 189,203)
  24. Bronson (1970, pp. 206–207)
  25. a b Bronson (1970, p. 205)
  26. Bronson (1970, pp. 189,209–215)
  27. Herstein (1964, p. 259)
  28. Herstein (1964, p. 261)
  29. Nering (1970, pp. 122,123)
  30. Bronson (1970, pp. 189–209)
  31. Bronson (1970, pp. 196,197)
  32. Bronson (1970, pp. 197,198)
  33. Bronson (1970, pp. 190–191)
  34. Bronson (1970, pp. 197–198)
  35. Beauregard & Fraleigh (1973, p. 311)
  36. Cullen (1966, p. 114)
  37. Franklin (1968, p. 122)
  38. Bronson (1970, p. 207)
  39. Bronson (1970, pp. 208)
  40. Bronson (1970, p. 206)
  41. Beauregard & Fraleigh (1973, pp. 57–61)
  42. Bronson (1970, p. 104)
  43. Bronson (1970, p. 105)
  44. Bronson (1970, p. 184)
  45. Bronson (1970, p. 185)
  46. Bronson (1970, pp. 209–218)
  47. Beauregard & Fraleigh (1973, pp. 274–275)
  48. Beauregard & Fraleigh (1973, p. 317)

Bibliografia

  • Anton, Howard (1987), Elementary Linear Algebra, ISBN 0-471-84819-0 5th ed. , New York: Wiley 
  • Axler, Sheldon (1997). Linear Algebra Done Right 2nd ed. [S.l.]: Springer. ISBN 978-0-387-98258-8 
  • Beauregard, Raymond A.; Fraleigh, John B. (1973), A First Course In Linear Algebra: with Optional Introduction to Groups, Rings, and Fields, ISBN 0-395-14017-X, Boston: Houghton Mifflin Co. 
  • Bronson, Richard (1970), Matrix Methods: An Introduction, New York: Academic Press, LCCN 70097490 
  • Burden, Richard L.; Faires, J. Douglas (1993), Numerical Analysis, ISBN 0-534-93219-3 5th ed. , Boston: Prindle, Weber and Schmidt 
  • Cullen, Charles G. (1966), Matrices and Linear Transformations, Reading: Addison-Wesley, LCCN 66021267 
  • Franklin, Joel N. (1968), Matrix Theory, Englewood Cliffs: Prentice-Hall, LCCN 68016345 
  • Golub, Gene H.; Van Loan, Charles F. (1996), Matrix Computations, ISBN 0-8018-5414-8 3rd ed. , Baltimore: Johns Hopkins University Press 
  • Harper, Charlie (1976), Introduction to Mathematical Physics, ISBN 0-13-487538-9, New Jersey: Prentice-Hall 
  • Herstein, I. N. (1964), Topics In Algebra, ISBN 978-1114541016, Waltham: Blaisdell Publishing Company 
  • Kreyszig, Erwin (1972), Advanced Engineering Mathematics, ISBN 0-471-50728-8 3rd ed. , New York: Wiley 
  • Nering, Evar D. (1970), Linear Algebra and Matrix Theory 2nd ed. , New York: Wiley, LCCN 76091646 


  • v
  • d
  • e
Tópicos relacionados com álgebra linear
Conceitos básicos
Matrizes
Álgebra linear numérica